PÉ
Pé
A unha do dedo maior era grossa.
Um canivete era-lhe exigido a apará-la.
Era grande e branco o pé:
Moldou-o o coturno, a sandália, a vida...
As meias marrons, banhadas de anti-séptico,
Escorregava-o pelo sapato de couro do mesmo tom.
O sapato mirava-se no brilho do olho do menino.
—Quantas vezes o poli!
Deixou pegadas o pé de meu pai.
Foi além de onde o apelo se furta.
Restaurou rotas perdidas, plena de ceifadores de vida,
Até vales e portos repletos de especiarias.
Desbravou a mata , viu o seio da montanha de cobre.
Já sem sorte, a ortopedia não pode classificá-lo.
A paleontologia...um dia...
A poeira e a lágrima, hoje, tentam.
Doze pés levaram-no ao seu último passeio;
Moldava-lhes ( aos seis ) a morte.