Manual inteligível parte 1 - Se esse algodão doce falasse

é deitado assim,

procurando desenho em nuvens,

trancafiado em minhas tormentas,

que o dia passa a ser noite

e a tarde fica pregada

aos músculos do meu rosto

-pléc-

"um raio em forma de tempo

e uma pedra em cima do vento"

é explicando dessa maneira

que conforto minha resposta;

a deixo a vontade, já dando logo em mãos,

escova de dentes e toalha de banho.

-sinta-se a vontade!

é a voz que soa abafada

por debaixo das cobertas

mas como proceder assim

se a resposta está na pergunta

e a pergunta

é uma incógnita na borda dessa piscina

de sugestões e mundos paralelos?

isso não deveria soar como uma pergunta.

essas, não deveriam ser palavras.

eu não deveria estar errado.

tampouco deveria ter tentado;

químico-maloqueiro

síntese do macumbeiro

é como uma explosão.

os átomos se aproximam

passo a passo

cantando juntos

o desgasto do caminho

até o final apoteótico.

sem alface nos dentes

e com as lentes limpas

desta vez,

deveria tentar acertar o alvo

e não o meu tabuleiro,

que sugere alquimia psíquica

esquentar a idéia

até ela se tornar solução

(daquelas que curam cegueiras

e matam a sede).

abrir os portões do inferno

trocar as lâmpadas do oceano

driblar o tempo e se tornar

de uma vez por todas

senhor das próprias oportunidades.

afinal, aquela ali é um elefante ou um rato?

Augusto Guimarães
Enviado por Augusto Guimarães em 25/01/2006
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