Outono
Olho-me no espelho
Não vejo nada além de um reflexo vazio
O canto dos pássaros atordoa minhas lágrimas já escassas.
Meus versos somem
Meu sorriso falece
Meu tempo é presente
Estou condenada à forca de palavras
Sinto o céu no caminhar de meus pés
E a chuva apenas inunda as cartas de despedida
Agora só me resta calar as canções.
Enxergar em preto e branco minhas doces ilusões.
Não perca mais tempo...
Sufoca-me de uma vez e leve contigo minha dor.
Faça dos bancos vermelhos a platéia.
Deixe a melodia de uma fogueira que nada queima
Deixe as cinzas de uma infinita falta de ar
E no entardecer de um outono qualquer
Deixe apenas as cordas que enforcaram uma paixão.
Janeiro de 2006