DESTINO

Achaste um motivo

Nos caminhos vazios.

Achaste bela a noite

Onde nem estrelas havia.

Achaste que a música,

Sem letra e melodia,

Devia ser ouvida.

Achaste que meu sol,

Não aquecia o suficiente,

Deste-me teu sol,

Que só a ti aquecia .

Achaste no direito

De questionar a criação.

Achaste uma maneira

De rir dos deuses do povo.

Achaste como desprezar

As máquinas que me dão força.

Achaste cores

Em minhas imagens negras.

Achaste o ridículo

Nos ensinamentos,

De meus mestres.

Achaste gratificação

No escárnio.

Achaste poucos motivos

Para ser sepultado

Envolto por trapos coloridos.

Achaste a certeza da razão

No olhar de ira do louco.

Achaste o espanto

No mendigo,

Ao pé da rica tumba.

Achaste vida

Onde só a morte germina.

Achaste em meu mundo,

Minha tristeza

E tua loucura.