cidade

Perdi a alma da cidade

Dentro de mim.

Percorri mil vezes

Becos de memória

Paralelos escorregadios

Da chuva que caiu.

A manha húmida e fresca

Límpida

Os autocarros são poucos

No sono de ser domingo.

Lenta mansidão de olhares

Passos por entre os passos

A noite brilha iluminada

Pelos letreiros das lojas.

É uma lembrança tão distante,

Como se fosse de outra vida.

A marginal, era o caminho das luzes

Perdi o mar no horizonte

Este vento, não tem sal.

…como se fosse noutra vida

A existência paralela

Extinguiu-se

Como o despertar de um sonho.

Vidas vazias.

O escape tóxico dos carros

E uma pressa inevitável

De chegar a lugar nenhum

E não perder o autocarro.

Porque era um dia de chuva

E o Inverno é mais triste

Nos azulejos dos prédios

No cimento dos passeios

Nas escolas bafientas

Professores medievais.

Tanta pressa, tanta pressa

As ruas esticam, estreitas.

Passos sem nome

Ressoando sem cessar

Por entre os séculos.

Ainda se parasse de chover!

JillyFall
Enviado por JillyFall em 17/05/2008
Código do texto: T992884
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