A Batida do Relógio.
O relógio bate:
Tristeza... Tristeza...
Bate sem parar.
Escondo meu rosto com meu chapéu preto...
Com minha barba...
Com meus cabelos compridos...
Ouço música na rua com meus fones de ouvidos...
Assim fico longe da multidão.
Tento não pensar a respeito.
Tento ignorar as batidas de meu coração.
O meu coração bate:
Tristeza... Tristeza...
Bate sem parar.
Meu sorriso rasgado...
Um quadro pintado em minha mente.
Nomes... Passados... Tormentos...
Trinta anos se passaram.
Trinta anos de desperdício.
Trinta anos nas profundezas, preso à correntes.
Cimentado ao relógio que não pára de bater:
Tristeza... Tristeza...
Como meu coração...
Bate sem parar.
E assim tenho que viver.
Vou deixar a chuva me castigar.
Definhar... Paralisar... Desmanchar-me...
Como um quadro pintado em minha mente.
O relógio bate...
O meu coração bate...
Tristeza... Tristeza...
Batem sem parar.
Tristeza... Tristeza...
Até o dia em que eu vir a morrer.