Salvem-me do amor

Salvem-me do amor...

Sou uma mulher cansada

De padecer sob a luz do outono

De observar as cinzas ardendo no cinzeiro

E de aguardar seu corpo perfumado de âmbar e melodias.

O silêncio das manhãs me incomoda

Pois a dor é uma infame sinfonia que me acorda todos os dias.

E ávida, minha paciência se esgota.

Salvem-me do amor...

Dos delírios, dos malditos desígnios da cumplicidade

das sombras do eco da memória,

Do vazio que vaga em mim como coisa viva.

Estou cansada de esperar por ti.

O copo de vinho transbordou pela última vez esta noite.

Eu desdenho a realidade no sofá da sala

Enquanto espero que eu vença a mim mesma

E ao sono, que enfim, sussurra.