Memórias
Por vêzes frequento o galpão da memória
e saudades no gerúndio
continuam a incomodar;
é a farpa no dedo,
espinho no pé.
São unhas quebradas
arranhando costados de pedra.
Gargalhadas se contorcem
na dor generosa.
É um arado a me sulcar
o peito, semeando penas
e desesperanças sem resgate.
Uma pequena eternidade
sem princípio nem fim.
O que faço é desenhar
meu próprio rosto
em espelhos embaçados,
enquanto o mistério,
tão visível quanto
a água que se evapora,
morre com a revelação.
E tu mulher, que passeias
em meus sonhos, exercitas
teu fascínio com ternura
estocada pelos dedos do
Silêncio.