Tenho piedade ...
Tenho piedade do grito sufocado
ao vento, da dor escondida, pela
violência perdida.
Tenho piedade, do velho sem rumo,
no abandono, perdido no mundo.
Do choro profundo, lágrimas de sangue
da indiferença, uma doença que
precisa ser tratada.
Tenho piedade, das vítimas da
bala perdida, bandida que já tirou
várias vidas.
Inocentes tão pequenos, ainda
com uma vida pela frente e de
repente, tudo muda o curso,
pegam um atalho sem volta,
e só deixam sem respostas
os pais no abandono.
Tenho piedade, dos de pouca
idade, em becos da vida, pedindo
esmolas, comendo restos de lixos,
feito animais sem dono.
E eu aqui sentada, com minhas
idéias muito boas, mas poucas
atitudes, o que posso fazer
para isso não mais acontecer.
Tenho piedade dos cegos de
espírito, enganados pelo
fascínio do mundo,
rejeitados pela sociedade
que dita regras, aí de quem
não as seguir, estão fora,
feito pedras do caminho.
Tenho piedade daqueles
que sofrem pela desigualdade,
onde desperdícios de alimentos,
isso é um alento, um tormento
na vida de um faminto.
Como pétalas ao vento,
suaves e cheirosas, vão buscar
o alivio de meu peito.
Escrito em: 08.02.2005
Por Águida Hettwer