Desencanto
A poesia que antes havia em mim
de tanto ver os fortes oprimirem os fracos,
de tanto ver a ira dominar o mundo,
de tanto ver a vitória da hipocrisia,
de tanto sentir os beijos da traição,
de tanto ver, tal qual Jesus
inocentes crucificados,
de tanto ver o escarnio
diante de uma verdade,
de tanto ver a mentira fluir naturalmente,
de tanto ouvir não de quem poderia dizer sim,
de tanto confundir a aparência boa de quem é mau,
de tanto ver gente de faces dúbias;
de tanto ver sorrisos maquiavélicos
nas tramas por uma derrota,
de tanto ver lágrimas nos olhos
de quem por dentro não sofria,
de tanto ver um sorriso
de quem deveria chorar,
de tanto ver os conflitos
onde poderia ter união,
de tanto ouvir falar em ódio
quando se poderia dizer PAZ
de tanto ver aumentar a maldade...
Envergonhou-se,
se fez em lágrimas,
Por não poder falar de amor!