A CARTA
A todas tardes a cena se renovava
com a moça que ansiosa esperava
passar o carteiro naquele seu portão,
sempre demonstrando sua decepção.
Parece que esperava alguma notícia
que seria oxigênio para a sua vida,
mas torturada pela cruel distância
via-se sempre menos correspondida.
Presenciando sempre aquela cena
com ela sentindo-se tão sozinha,
quem testemunhava sentia pena,
pois a correspondência não vinha.
Até que numa determinada tarde,
finalmente, chegou a carta esperada.
Ela não cabia em si de felicidade
e sua face resplandecia iluminada.
Impetuosamente o envelope rasgou
e aquela carta esperada passou a ler.
Como um raio seu semblante mudou
e então ela começou a se entristecer.
Enquanto amargamente ia lendo,
lágrimas pela face iam correndo.
Que misteriosa dor feriu o coração
dela que nunca mais veio ao portão !
SP. 28/04/08
Fernando Alberto Salinas Couto