Olhos d'água
Olhos mui tristes
Que escondem verdades dissolutas
Submersas num mar de questões absolutas
Transbordante como o pranto;
Onde não resiste nenhum encanto
Apenas o temor frio e metálico,
Vaporoso e lânguido aroma itálico
De quem se encobre em rubor.
É num oceano carmesim e ancoroso
Que se morre e afoga o ardente fulgor
Afundando assim os olhos d'agua
Nas espumantes ondas de rancor.
É naquela gota cálida dos olhos chorosos
Onde se mata a incessante sede viajante
De quem temeroso vive e anseia morrer
Para se perder isento nos olhos de magoa.