Olhos d'água

Olhos mui tristes

Que escondem verdades dissolutas

Submersas num mar de questões absolutas

Transbordante como o pranto;

Onde não resiste nenhum encanto

Apenas o temor frio e metálico,

Vaporoso e lânguido aroma itálico

De quem se encobre em rubor.

É num oceano carmesim e ancoroso

Que se morre e afoga o ardente fulgor

Afundando assim os olhos d'agua

Nas espumantes ondas de rancor.

É naquela gota cálida dos olhos chorosos

Onde se mata a incessante sede viajante

De quem temeroso vive e anseia morrer

Para se perder isento nos olhos de magoa.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 23/04/2008
Reeditado em 07/05/2008
Código do texto: T958237
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