Oração a Hlín
Quem pisar no assoalho
Através das minhas portas
Com andar de quebrar galhos
No chão encontrarão mortas
As lágrimas derramadas
Por olhos secos e falhos
Ambas mãos tão gordurentas
Tolas. Força fria e pálida.
Tão amargas e nojentas,
Falsa impressão doce e cálida.
Faces vultas macilentas,
Lábios murchos língua árida.
Na aurora sempre bebo
Do mais puro e nobre vinho.
No crepúsculo o medo
Do incógnito vizinho
O fantasma que com o dedo
Mi’alma rouba de pouquinho.
E aqui permaneço indene,
Pr’aquele próximo, esperando,
De alma grande e solene
Que em seus braços carregando
Minha lágrima perene
Para os céus irá levando.
E no inferno permaneço
No chão frio do assoalho
Que adormeço, que mereço!
Que explodindo entre galhos.
Desta vida do avesso
De olhos secos e falhos.