A FÚRIA DO RIO PARNAÍBA - VELHO MONGE
O desabafo de um rio...
Depositaste demais em mim
as tuas insignificâncias.
Pedi-te tanto que não.
Implorei até a raiz.
No entanto, nenhuma gota
de compaixão tivera por mim.
Segui o meu caminho...
Sofri,
Penei,
Tive pesadelos...
Então, acordei chorando
e minhas lágrimas inundaram o teu mundo.
Vi as flores despetalarem-se...
O teu habitat se espatifar ao chão.
Ouvi os gritos dos inocentes.
E as esperanças se perderem
feito rajadas de vento.
Fiquei com um grande vazio
descompassado no peito...
Eu sei que te trouxe a fome,
Também a consequência
extrema de meus atos.
Mas, tenho o coração amigo.
E no meu vasto leito,
tenho tantas coisas
para construir contigo.
Sou um rio amoroso.
Perdoa-me se te desapontei.
É que ando com o peito
Acumulado de tantas inconsiderações,
que em meu coração encontrei.
Apesar de tudo,
Já passou a aflição.
No fundo do meu leito,
Encontrarás o meu perdão.
Navegas e crie os teus filhos.
Sou um rio amável
E tenho um bom coração.