alpendre

Não há esperanças no mundo para mim

Há apenas um quarto,

dentro de uma casa imensa,

repleta de colossais abismos

Não há ternura para mim.

Há finitude do corredor

Há o frio pontiagudo da faca

A querer degolar as palavras

E ,a fazê-las sangrar símbolos,

significados e fetiches

e na brandura dos fonemas

sussurrar-lhe pequeno grunhidos

do animal que há

enterrado em nós

somos sepultura invisível,

inverossímil

do outro lado

de nossa outra face

do ser que perto dos seus extintos

decepa a razão,

e grita, e chora e mata

e devora anos,

vidas

sem nenhuma misericórdia

que ergue o chicote,

que aciona a bomba

que nega amor e o simples afeto

por estar na defensiva,

por ser egoísta

ou

simplesmente

porque nunca fora

amado

e se foi amado,

já era tarde.

No horizonte a lua prometia

ser das estrelas

E estas, se perdiam no firmamento

A desenhar centauros,

escorpiões, cruzeiros

Somos sepulturas vivas

A encobrir o visco

A trocar madeira boa,

Por morta

E por barganharmos todos

os dias

as emoções

no alpendre diário do acaso.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/04/2008
Código do texto: T949189
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.