SAUDADE




Saudade
É uma ausência acinzentada
Que atropela o coração
Deixando uma crosta dolorosa
E emudecida no canto do peito
Esquerdo

Saudade
É uma efígie fria que se acortina
No chão da alma
É uma coisa torrificante
Que dilacera a região ladrilhada
Por onde percorre a cachoeira
Sanguínea

Saudade
É uma angústia espiralizada
Que enlaça os dias que faltam
Para se ver a pessoa amada

Saudade
É a irmã-gêmea da tristeza
Que vem em instante e instante
E não sabemos quando findará

Saudade
É um beijo estéril esquivado em soluço
Que o céu somente aflama
Quando quem se ama aparece.