INUTILIDADE DA POESIA
Entender-me é inútil
Ler-me o é mais ainda
Nada tem sentido aqui
Aliás, tudo tem de ter sentido
Para que se possa ser
Mas, inexisto em versos
Em versos, sou completa ausência
Estas palavras são apenas marcas
Rastros de uma mão que escreveu
O que o corpo havia sentido
O mudo sentimento do mundo
De dores e amores, todos perdidos
O puro esquecimento de mim
Isto não tem utilidade alguma
Por isso mesmo é boa
Esta poesia sem fim
Que sem objetivos claros
Permite-me vagar vagabundamente
Por entre as ruas da sensação
-Saltimbanco lúdico sem destino