OS TRÊS MENINOS

OS TRÊS MENINOS.

(Poet Ha, Abilio Machado)

Os meninos correm...

Eu vejo, não me importo.

___Um chuta, lata qualquer.

___O outro pede migalhas...Esmolas.

___O mais velho...Espreita...Vigia!

Assim passa o dia.

A noite avança, fria, escura e cruel.

Cansados, com medo... Escondem-se.

Matam a fome n'um saco de colae,

logo imaginam o céu!

Um chora, outro protege,

o mais velho bate e colhe as moedas,

dormem agarrados,

o frio da madrugada é penetrante.

Menos doído claro...

Que o pênis do velhote

no banco trazeiro

do carro importado.

Mas, mais frio tem suas Almas

sem carinho, sem afeto.

São corações, pequeninos,

que ao passar das horas,

perdem a inocência

Nas mãos grossas de homens fardados

que os deixam fadados

a um boquete por vez...

Endurecem como pedra...

Sua ausência.

Lembranças de uma mãe desconhecida

ali, não importam suas cores,

tampouco suas raízes...

O que os une nos momentos...

são as drogas, as feridas...

São os medos.

Nos cantos do mundo,

há burgueses em festa,

há mendigos em luto.

Na chuva fria, nas calçadas.

Na velha que dorme ao relento.

Tormentos...

Os meninos agora correm...

___Um está em sangue ao chão.

___Outro corre, apavorado, gritando, pedindo clemência e perdão.

___O outro... Mais velho...Encara a polícia

Encara com medo, com ódio

retribui a violência da vida

com uma arma na mão!

Agora que leio eu choro,

No meu peito a dor

na minha mente:

___Uma cançao!

(poeth sia integrante da peça " Viajando com a poesia " e editada no Jornal Campo Cultural. pag 03.anoII.nº07)