A Dor

Me pintei com as cores da alegria

Pensando que assim a tristeza

Pudesse se afastar de mim

Triste ilusão

De mim nada tira esta tristeza

Que se enraizou na minha alma

Transformando-me neste ser

Que divaga nas palavras

Soltas entre lembranças, lágrimas

Uma garrafa de vinho e a eternidade da madrugada

Onde as horas se arrastam, não passam

A música traz a nostalgia

E então a melancolia se instala

Vira quase um desespero

Enquanto a escuridão lá de fora

Se mistura com a minha

Fazendo com que as cores

Desapareçam

Assim como a alegria inventada

Que enfeitiçada pela tristeza

Se rende a ela

E mais uma vez cores e alegria

Se transformam em borrões

Em uma obra inacabada, falida

Pela frustração de uma vida sem cor

Que para tudo se fechou

E que se conforma com o que restou

A dor!