PREFIRO A MINHA TRISTEZA

Talvez seja possível que eu até me queime, sob as profundas águas;

Começo a crer que ao retroceder, é que eu avanço;

Passo a julgar que no maltratar do corpo, é que se lhe dá descanso;

E que a veracidade histórica, reside nas estrofes das fábulas!

Eu desconfio que todas as prisões, são albergues da alta estirpe;

Ando cismado que a verdadeira luz, vive escondida nas trevas;

Que a paz mais verdadeira, é privilégio de sangrentas guerras;

E que toda a percepção concreta, simplesmente nem existe!

Estou convencido de que a prudência, é monopólio dos incautos;

Até mesmo acredito que a verdadeira abstração, é o que avisto;

Desisto da incredulidade, para com as cenas que não assisto;

Porque os sábios daqui são mudos, e os loucos são seus arautos!

Por isso eu me reservo, à insignificância do pouco que sei;

Porque meu lixo doméstico, está repleto de lavras agnósticas;

Já que aprendi que só devo crer nas imagens, se elas forem ilógicas;

E que talvez eu nem tenha nascido ou até nunca morrerei!

Mas à distância eu faço as malas, com as tralhas dessa tristeza;

Porque sou passo antagônico, ao compasso dessa manada humana;

A falsa verdade não me ilude, nem a inocente mentira me engana;

Eu prefiro permanecer enriquecido, de toda essa minha pobreza!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 06/04/2008
Reeditado em 24/07/2008
Código do texto: T933532
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