PREFIRO A MINHA TRISTEZA
Talvez seja possível que eu até me queime, sob as profundas águas;
Começo a crer que ao retroceder, é que eu avanço;
Passo a julgar que no maltratar do corpo, é que se lhe dá descanso;
E que a veracidade histórica, reside nas estrofes das fábulas!
Eu desconfio que todas as prisões, são albergues da alta estirpe;
Ando cismado que a verdadeira luz, vive escondida nas trevas;
Que a paz mais verdadeira, é privilégio de sangrentas guerras;
E que toda a percepção concreta, simplesmente nem existe!
Estou convencido de que a prudência, é monopólio dos incautos;
Até mesmo acredito que a verdadeira abstração, é o que avisto;
Desisto da incredulidade, para com as cenas que não assisto;
Porque os sábios daqui são mudos, e os loucos são seus arautos!
Por isso eu me reservo, à insignificância do pouco que sei;
Porque meu lixo doméstico, está repleto de lavras agnósticas;
Já que aprendi que só devo crer nas imagens, se elas forem ilógicas;
E que talvez eu nem tenha nascido ou até nunca morrerei!
Mas à distância eu faço as malas, com as tralhas dessa tristeza;
Porque sou passo antagônico, ao compasso dessa manada humana;
A falsa verdade não me ilude, nem a inocente mentira me engana;
Eu prefiro permanecer enriquecido, de toda essa minha pobreza!!