OUVIDOS MORTOS
Quando as palavras não são ouvidas,
Preciosos momentos são frutos desperdiçados.
Se fossem absorvidas com cuidado,
Poderiam salvar a tanto...
São tão injustos os ouvidos,
Tão alienados e surdos,
Tão inconseqüentes,
Tão pobres, tão podres!
Pérolas esparsas.
Lástima!
Os olhos, apesar de silenciosos,
Falam tanto ou mais que bocas.
Queixosos, lacrimejam e se debatem,
Na lama pegajosa, no estrume,
Causados pelos ouvidos moribundos.
O coração sente e transmite,
Aos olhos e bocas aflitos,
Sentimentos mais que agonizantes...
Pérolas perdidas.
Catástrofe!
Talvez, se os ouvidos escutassem,
As mãos pousassem na consciência bruta.
Porem, os estúpidos ouvidos,
Ignoram a alma resignada.
O coração, então, é sufocado.
Enquanto a vida passa,
Porquanto é extraída a massa,
Portanto jaz. É tarde!
E as pérolas se acabam.
Resta apenas, o nada!
06-08-00