ESTANTES DE INSTANTES

São tantas as coisas

Que não quero no pouco que quero

A vida é composta

Por prateleiras desorganizadas

Num acumular de estantes

Amontoando instantes

A memória é uma arrecadação

Com pó de arrependimento

Onde há sempre um se

Que antecede muitos mas

A memória também é

Um testemunho gravado na alma

De recordações que conjugam

Momentos de saudade

Comportando um misto

De felicidade e tristeza

Felicidade que se nomeia

Em sentimentos que nos fazem gente

Um sentir o alcance á meta

De um desejo que nos surpreenda

O intimo de luz que saboreamos

Desmaiados num lago de paz

A tristeza

Que nem sempre entendemos é perturbante

Quando estamos capazes

De perceber o que nos entristece

Não existe sofrimento

Porque temos a oportunidade de esclarecer

E emendar o erro ou preencher

A falha de uma falta

Mas não saber a fonte da tristeza

É cabecear na pedra dura

Isto é sofrer sobre um medo de vir a sofrer

E só quem tem medo é corajoso no continuar