A CHUVA

Chovia numa insólita tarde,

chuva gostosa, bendita, esperada,

mansa sem alarde,

e ali espiando pela janela,

vendo aquela água desejada,

caindo translúcida,

beijando a terra dos sofredores,

lavando os pecados,

removendo a poeira, a sujeira

dos pecadores,

e da vil tirania,

embeveci-me com a cena,

destes alegres pingos,

numa poça pequena;

De repente a chuva parou,

o sol se fez e com soberania,

impôs sua eterna lei,

a água furtiva rolou

e pelo chão se infiltrou,

escondendo-se do astro rei,

neste momento, não sei o porquê,

lembrei-me de você,

bateu um certo quê

de nostalgia,

talvez mágoa

de um certo dia,

de um certo adeus,

de um coração ferido, perdido,

confuso, partido,

e neste devaneio,

percebi como a chuva que cai,

e escoa

o amor sem cuidado,

com o tempo voa

e lentamente se esvai ...

Dez/03

Andrade Jorge

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ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 25/03/2008
Reeditado em 25/03/2008
Código do texto: T915693
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