Pássaro Algoz
Ainda que nesse cárcere,
Ouço a bela voz do pássaro
Que não canta
Quem impedirá tamanha dor
De se encantar com algo tão lindo?
Quantos poetas
Não estão, como esse pássaro,
Cobertos pela música da vida?
É triste, dor
Ver como tu sofres sozinha
E se ao menos pudesse ouvir
E se ao menos pudesse sentir...
Ó pássaro algoz!
Que ouve com tuas cordas vocais,
Que estão tão presas na perplexidade?
Não entendes tu que esta é comum?
Viver é estar perplexo
Pela descontinuidade contínua do mundo
Que ainda que mude
Em sua essência é assim:
Tão encantador
E tão cego.