Lembrança de morrer
Nessas noites escuras de morte
Onde o mundo é Álvaro de Campos
É o tormento que revive (má sorte)
As dores, os sofrimentos, os prantos
Lembro-me dos dias de sol brilhante
E grama viva, verde, pura
Onde eu me via (pobre e tolo infante!)
Noites cinzentas em minha sepultura
Minha vida (ou morte) é isso
Um pesadelo de livros antigos
Um mostruário de terríveis sentidos
Sou só um pobre poeta omisso
O qual um só golpe fatal bastaria
Para (em mim) raiar um belo novo dia