XI
Abeira do mar das lembranças
Pesco estrelas marinhas que voam nas correntes do ar.
Crescem flores carnívoras dentro desse mar
De recém nascidas luzes de anjos.
Morreram folhas secas perfumadas
E brotam diamantes franzinos,
Pendurados nos braços do tempo
Como se fossem pássaros
Pintados de azul no mar.
Este mar,
Cemitério de naus flamejantes!
E gritam dolorosos mártires
Santos dos Santos!!!!!
E surtam em silêncio,
A tristeza e a Solidão
No auto de um farol
Ao longe da tormenta,
Numa revoada cintilante
Que atravessou águas revoltas.
Pássaros migram silenciosamente
Como uma nuvem turva e soturna
A bailar sobre o espelho d’água púrpura,
Beijado pelo vento sul.
Erguem-se âncoras aladas!
Enquanto carrancas angelicais anunciam a partida
Dos corsários fantasmagóricos
Que rangem noite à dentro
Da nevoa densa de almas perdidas
Nos confins do além mar.
Enquanto isso,
Gaivotas noturnas
Seguem suas drogadas naus.
Do livro “Nau dos Viciados”