XI

Abeira do mar das lembranças

Pesco estrelas marinhas que voam nas correntes do ar.

Crescem flores carnívoras dentro desse mar

De recém nascidas luzes de anjos.

Morreram folhas secas perfumadas

E brotam diamantes franzinos,

Pendurados nos braços do tempo

Como se fossem pássaros

Pintados de azul no mar.

Este mar,

Cemitério de naus flamejantes!

E gritam dolorosos mártires

Santos dos Santos!!!!!

E surtam em silêncio,

A tristeza e a Solidão

No auto de um farol

Ao longe da tormenta,

Numa revoada cintilante

Que atravessou águas revoltas.

Pássaros migram silenciosamente

Como uma nuvem turva e soturna

A bailar sobre o espelho d’água púrpura,

Beijado pelo vento sul.

Erguem-se âncoras aladas!

Enquanto carrancas angelicais anunciam a partida

Dos corsários fantasmagóricos

Que rangem noite à dentro

Da nevoa densa de almas perdidas

Nos confins do além mar.

Enquanto isso,

Gaivotas noturnas

Seguem suas drogadas naus.

Do livro “Nau dos Viciados”

augustopoeta
Enviado por augustopoeta em 16/03/2008
Código do texto: T903954