Arrependimento [Desabafar Poético XII]
Desabafar Poético XII - Arrependimento
"Estou agora triste. Há nesta vida
Páginas torvas que se não apagam..."
"Oh! voltai uma vez! eu sofro tanto!
Meus sonhos, consolai-me! distraí-me!"
(Alvarez de Azevedo - Desânimo)
Como ousaste jogar tua ultima moeda
Num rio de esvaziada escuridão?
Onde restava apenas suas fieis crenças
Quais te afundaram até não conseguir escapar...
Por que jogara sua sorte ao mar
Como faz o marinheiro?
Por que tão descrente diz sobre amar
A aquele que sempre fora passageiro?
(De um barco talvez chamado distância)
É deveras mentira que não haja saudade,
É deveras verdade que não valha meio tostão,
Pois aquela que fere quem tanto a ama
Não podes valer mais do que o nada e a solidão;
O wiskey denovo se torna uma poção
Para aquecer no frio e na chuva
A distância que nos separa, esta qual
Eu talvez tenha aumentado por meus erros
Quais, em tolice, não tenha conseguido controlar.
Eu não tenho nada que possa te fazer real,
Talvez um fogo fraco que arda no peito vazio
E uma esperança tola junto ao sorriso no lábio
Coberto por mil e uma lágrimas errantes
Se todo arrependimento do mundo coubesse em uma só palavra
Eu a gritaria incessantemente aos quatro ventos...
Até que um desses levasse a ti meu brado desesperado e covarde
De quem teme perder na vida quem tanto lhe dera vontade de viver.
Mas agora de que me adianta falar?
Ficar fadada a me repetir em lamentos
Tão quanto a chuva que você transpõe,
Então... Deixai-me em silêncio a me comover com minhas faltas,
Pois amo-te muito, porém pouco sei te amar.
Para Igor Rossevelt