A MORTE DO OPERÁRIO

A MORTE DO OPERÁRIO

Paulo Gondim

09/03/2008

Um fato qualquer. Sem importância

Assim foi a morte do pobre operário

Até houve um choro natural

Dos primeiros minutos

Das primeiras horas

Nem um dia se completou

No dia seguinte, a realidade.

Morto pobre não deixa saudade

Para os filhos, a liberdade

Que antes já tinham, contra sua vontade

Por muito desprezo, falta de respeito

Era o que recebia, na vida sem valia

A mulher, no seu jeito sempre roto

Nem chorou. Nem simulou

(Acho até que festejou...)

Marido bom é marido morto!

E viverão, filhos, netos e a esposa ausente

Que mal no velório se fez presente

Da minguada e escassa pensão, mas viverão

Será mais simples a divisão

Sem o marido, sem o pai, sobra mais ração

Sobra mais dinheiro no fim do mês

Viverão melhores, na sua pequenez

Enganados, acomodados na sua mesquinhez

Vão viver à custa dessa mísera pensão

Improdutivos, até que gastem o último tostão

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 09/03/2008
Código do texto: T893736
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