Pedido de desculpas.

*Pedido de desculpas.

Simples seria se me calasse, permanecesse,

nem ficasse. Se eu não nascesse.

Bom seria ser morno. É que eu não queria

ser assim, por ser assado e não merecer nada que tenho.

Absolutamente nada.

Não mereço nada do que tenho,

nem a sombra do que tenho, do que sou.

Sei que não concorda, talvez nem leia

essa porcaria até o fim. Mas que eu não mereço,

eu não mereço. Eu não mereço nem a honra do

flagelo, nem a percepção que me faz são, a ponto

de perceber que não mereço não merecer.

Eu não mereço ser imune a sua ira,

a suas percepções detalhistas

que só vêem o lado bom das coisas

relacionadas a mim.

Eu não mereço este fim.

Mereço pior.

Mereço não ter começo e meio.

Não mereço perecer,

nem pereço no seu ser.

Mereço morrer.

Sabe por quê?

Porque espanto você.

Acredita que sou inconstante, que

posso não ser o que gostaria que fosse,

ou que acreditava que fosse.

Sou? Daria tudo para que eu fosse.

Mas se acha que eu não sou,

eu não sou. E ponto.

Não mereço justificar-me,

alargar-me em provar-lhe

que mereço-lhe,

ou não. E ponto.

Eu queria merecer tudo,

para dar tudo a você.

Mas não mereço.

Eu queria me merecer,

para me dar a você.

Mas não mereço. Não mereço seu apreço.

Mas agradeço.

Mas não mereço.

Bugarim