Um erro da minha juventude SANDRA I
Sandra I
Era um segredo atroz, na mente o engendrara,
A nada, nem ninguém, eu fizera confidente,
O mantivera estanque até do inconsciente,
Que se quer a própria alma o revelara.
Tinha Sandra cinco anos, e eu jamais amara,
Alguém como a amava, pois era diferente,
Nascera quando eu, ainda adolescente,
No fogo das paixões com sua mãe casara.
Aquela decisão cruel que eu tomara
De afastar-me do lar, de forma permanente,
Talvez por subjetivas razões, inconsciente,
Não vendo com clareza o mal arquitetara.
Por não saber então que a mente projetara
Na mente universal, como faz comumente,
Pensei que era só meu, o segredo latente
Que tinha dentro d’alma, e ainda a ninguém contara.
II
Que engano cruel estava eu cometendo
Pensando que ninguém sabia o planejado
Mas na fuga covarde que havia arquitetado
Minha filha inocente estava já sabendo
Estava a hora “D” se aproximando, e tendo
Eu já de antemão a tudo preparado
Embalava-me tranqüilo, na rede, ali deitado,
Tendo a meu lado Sandra, e meu plano revendo.
Neste momento ela, como que antevendo
O momento crucial, o momento aprazado
Pois misteriosamente lhe fora revelado
Meu cruento segredo, e foi assim dizendo:
Paizinho, te amo tanto, não está vendo
Que sofrerei sem ti paizinho amado?
- Por um rumo irreversível haver tomado,
Levantei-me e fugi dali correndo.
E por anos sem conta segui tendo
A visão do momento inusitado
No qual por minha filha fora admoestado,
Para o erro cruel que estava cometendo...
Fortaleza-CE. Casa da Sandra, 33 anos depois
(passeie então 9 anos sem dar notícis, e sem sabê-las, hoje, Deus me concedeu que minha filha e minhas netas e meu neto me amam demais, é como se nunca houvesse acontecido nada.)