O CEGO DA RABECA

Não nasceu sem a luz dos olhos,

foi queimadura em menino.

Por ter o pai fogueteiro,

então lhe cegou o destino.

Com a casa em chamas um dia,

saiu de dentro aos prantos, engatinhando.

O rosto, carne viva. Uma chaga só.

e dai jamais se viu enxergando.

Casou sem ver a mulher que teve,

esta colecionou amantes, se mostrou infiel.

Depois fugiu com Alguém da estrada de ferro,

ficando o cego só, vagueando ao leu.

caiu na raias do abandono e do deleixo.

E no esquecimento da vida social.

Caiu também no gosto pela bebida.

este sim, foi o seu grande mal.

se viu pedindo esmolas. É um artista.

Que arranca da rabeca notas de raiz.

E quanto mais bonita lhe sai a música,

mais esta aflora sua sina infeliz.