Dos amores e dos medos
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Deixai-me surgir de novo
Entre os absurdos perniciosos
De tantas vidas
Entre os desejos quase insanos
De vozes paridas
Entre lanças medievais
De passados anos
Deixa-me viver de novo
Entre o riacho,
As pedras lisas e os musgos
Entre as dores,
Antes repartidas entre as malditas
E os dissabores...
Entre as facas
E os fusos.
Deixai-me ficar!
Porque a brisa longe do mar
Açoita os morros
dolorosamente
Entre a linha tênue
Do bater de asas da borboleta
E o penhasco
Deixai-me - brado -
Morrer de novo,
Entre o gosto do teu gozo
E a imensidão
No teu olhar
Porque sou apenas carne
E medo,
sobrevoando
Onde impera o vácuo...
Nem ao menos
Sonhos
Há.
(Jessiely Soares)