Lápide
... a Paulo Pena, que nos deixou nesta segunda-feira, 26 de fevereiro de 2008
Triste lápide chorosa,
Teu cinzento corpo pétreo
É frio como o dia em que posta
Ergueu-se lastimosa no cemitério.
Talhada com a pena melancólica
A epígrafe das lágrimas nervosas
Em letras abismais, escabrosas
Demarcam a narrativa épica.
Aqui jaz o corpo devastado,
Quem sorria, agora estático,
Na passividade devorado
Conforme o ato pragmático.
Sob o luar desesperado
Sobre a relva encharcada
Baça figura enlameada
Eleva-se ao sofrer demasiado
A lápide estende-se nervosa
Sussurra à tristeza amiga
No silencio negro, lastimosa
Não há quem ledo a siga.
Angra dos Reis, 26-02-2008
Alberto da Cruz