PARTIDAS

Detesto partidas.

Não entendia isto, mas comecei

a perceber, em todas as partidas

um vazio que dá por dentro, uma tristeza

uma solidão sem estar só uma depressão.

Percebi que na partida está a certeza

do apego que temos por alguém,

E que não sabíamos.

A partida não magoa tanto quem parte,

mas sempre magoa mais quem fica.

Quem parte leva a visão das estradas

dos campos, mares, portos,

dos céus dos ares, e a expectativa de chegar.

Quem parte da o adeus como uma liberdade,

quem responde, responde querendo partir também,

mas se sente prisioneiro,

querendo segurar aquele alguém por mais um tempo

juntinho de si.

A partida só existe quando se gosta de alguém.

A partida não está só apenas

em uma viagem, está na ida em um passeio simples,

esta em uma festa, num cinema em uma praia

em um supermercado na casa de um amigo,

em uma igreja ou mesmo no trabalho;

quando aquele alguém vai e ficamos.

Detesto também partir,

depois que descobrir como é a partida...

E agora quando preciso partir,

não consigo mais dar um adeus.

Sinto apenas vontade de não ir ...

SALVADOR, 28/02/2008.

Barret.