APAGADOR DE SONHOS
Teu sorriso era para mim a luz que atrai a mariposa.
Eu não media conseqüência.
Me entregava inteira ao teu charme irresistível.
Foi terrível.
Veio um apagador gigantesco.
Grotesco.
Impiedoso.
Aconteceu algo horroroso.
Tudo foi se esvaecendo.
Vi o amor morrendo.
Delirante à beira de um rio pútrido eu despenquei.
Chorei.
Lágrimas se misturaram às podres águas.
Tudo era desolação quando alguém me ofereceu a mão.
Sofregamente estendi a minha.
Eu delirava sim.
E ele dizia assim:
Vem para mim.
És tão bela. A vida segue.
És tão forte e vais vencer a morte.
Do apagador de sonhos ficou a lembrança que aos poucos se esvai.
Do anjo redentor ficou a mais doce das lembranças.
Do meu coração não sai.