Banzo
Sombras...
Já não há beijos
Meu coração se fincou na areia funda
Não vem onda, nem vento,
Nem tempestade desterrá-lo
Lábios secos
Ressecados de maresia
Esperas sem nexo
Cama vazia
Dor surda
Sem gemidos ou gritos
Sem ecos
Sem chuva ou sol
Diriam: é a vida...
Mas que vida?
Mesclada dos arrepios de morte
Sorriso sarcástico
De quem sabe a sorte dura
Que me espera
Quando cai a chuva e o céu chora
Disfarço as lágrimas
E finjo que são pingos
E finjo que são ciscos
Que desceram dos céus
Pra arder meus olhos
Alguém disse:
Teus olhos marejados
Com esse brilho esverdeado
São duas esmeraldas do céu
Sorrio à lembrança terna...
Deve ser Deus
Quem me visita
Nessa bruma empedernida
Que tantos teimam em chamá-la
Vida, vida, vida!