Desejo de esquecimento
Desejo de esquecimento
Hoje não vou curtir o momento
Em minhas profundezas me reviro
Entro no paiol de tristezas
Apertadas buscando escapamento
Como se pressionadas nas paredes
De meu íntimo entupimento
Escorrem rolam já sinto
Um silencioso esvaziamento
Olho o vagaroso caminho do tempo
Procuro palavras e no esgotamento
Na varredura da dor de meus sentimentos
Ainda vagam alguns excrementos
Após o exorcismo das fétidas lembranças
Sinto náuseas, ainda estou sufocada
Ainda existe pesada mágoa agarrada
No útero semi-morto quase sem esperanças.
Tão pesadas correntes me aprisionam
O corpo, os sentidos, a vontade a mente
Sinto que minha verdade já está doente
Perdeu-se minha alma vaga sobrevivente
Em qualquer canto da estrada
Sem ter energia, sem anjo sem guarda
Vivi a fantasia de ser tua escrava
Fui por ti totalmente violentada
Invejei os amantes ao pé da escada
Juntos sonhando galgar alturas divinas
Doeu-me o íntimo gelado e vazio
Ao acabar-se o período de meu cio
Farta de tanta orgia e luxúria
Rendo-me ainda aos teus caprichos
Na intenção de ferir-te mortalmente
E no final despecho me vingarei
Quando estiveres a cuspir tua seiva
Vomitarei em tua boca fatal veneno
Cairás morto estendido no leito
Me livrarei de ti e neste momento
Minhas tristezas voarão com o vento
Livre de ti serei de novo
Leve solta no pensamento
Para curtir de minha vida cada simples momento