O jardim da minha vó

O jardim da minha vó não dá mais flores,

A roseira murchou e enegreceu.

Nem a teia de aranha resistiu,

A aranha fugiu...

O jardim está perdendo sua beleza.

No chão só tem poucas dormideiras.

Das árvores só sobrou a pitangueira.

E as espadas de São Jorge? Resistiram.

A goiabeira não agüenta mais os netos,

Apodreceu, não se tira mais goiabas;

Apodreceu, só deixou o tronco morto

Para segurar o varal.

A mesa de pedra rachou, e partiu.

Morreu, mesmo sem nunca ter vivido.

Perdeu os ares cariocas e voltou ao saudoso sertão;

Secou o verde, as frutas perderam o sabor.

O caramujo, praga, infestou tudo.

A terra perdeu a fertilidade

E o jardim da minha vó aos poucos perde a vida.