PRA ONDE IRÃO MEUS PÉS AMANHÃ?
Tarde que vai,
parede desbotada,
cerca viva, longa cabeleira
pés mergulhados na grama alta
bananeiras no canto
verde escuro...
aperto na garganta
um vento arrepia a pele
retalhos de vida
na memória...
rua deserta
cansaço
domingo
que tempo é esse?
beira de precipício
ribanceira
janelas cerradas...
quem é esta
que passa diante do espelho?
desejos ilhados
versos engasgados
rua sem saída
beco do inferno
onde andará aquela
que eu via
tantas vezes
refletida
nas vitrines?
ruas claras, sorrisos
por que não quero morrer
se da vida fico à margem?
por que insisto em viver
se no passado permaneço?
...mãos e pés atados...
por que apostar em um jogo
onde terei as piores cartas?
pés na grama alta
passos a esmo
a mosca zumbindo
em zigue-zagues...
pra onde irão meus pés amanhã?