DESPERCEBIDO
Às vezes somos o dia em meio aos olhares noturnos
Um espetáculo de alto nível, mas sem aplausos e sem platéia
A revelação incrível ao desinteresse dos ouvidos surdos
Onde a ausente leitura faz pouco caso das páginas de nossa odisséia!
Às vezes a nossa linda canção não alcança a repercussão almejada
O quarto decorado com amor não recebe a ilustre visitação
Escolhem o rumo acidentado em detrimento de nossa perfeita estrada
Onde a proposta iminente de nosso olhar recebe um silencioso não!
Às vezes o dobro do que somos é migalha numa lupa
Sacrifícios do tamanho do universo cabem num beijo sem tempero
As mãos que queremos aquecer preferem o frio à nossa luva
Onde o pedaço de uma insignificância vale mais que nosso ser inteiro!
Às vezes a cegueira só existe quando diante da nossa imagem
Se gritarmos ou chorarmos, não seremos percebidos
É o jogo da vida, onde os mais valiosos não são os que mais valem
Onde até quando lembrados, continuamos esquecidos!