DESPERCEBIDO

Às vezes somos o dia em meio aos olhares noturnos

Um espetáculo de alto nível, mas sem aplausos e sem platéia

A revelação incrível ao desinteresse dos ouvidos surdos

Onde a ausente leitura faz pouco caso das páginas de nossa odisséia!

Às vezes a nossa linda canção não alcança a repercussão almejada

O quarto decorado com amor não recebe a ilustre visitação

Escolhem o rumo acidentado em detrimento de nossa perfeita estrada

Onde a proposta iminente de nosso olhar recebe um silencioso não!

Às vezes o dobro do que somos é migalha numa lupa

Sacrifícios do tamanho do universo cabem num beijo sem tempero

As mãos que queremos aquecer preferem o frio à nossa luva

Onde o pedaço de uma insignificância vale mais que nosso ser inteiro!

Às vezes a cegueira só existe quando diante da nossa imagem

Se gritarmos ou chorarmos, não seremos percebidos

É o jogo da vida, onde os mais valiosos não são os que mais valem

Onde até quando lembrados, continuamos esquecidos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 23/02/2008
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T872718
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