Sentidografia
É uma dor que dói
Dói profundo, dói no âmago
Dói rasgando, dilacerando
Rompendo os limites da alma
É dor simplesmente
Etérica, impalpável, sensível
Sabe se impor
Sabe me impor
Dói. Choro. Ela fortalece.
Emudeço. Ela grita, berra
Um grito ensurdecedor
Que cala os inúteis apelos meus
Dói, transborda
Retrai-me, goza, toma forma
Própria de um desalento
Que alenta a impotência do meu eu
Inexplicavelmente, dói.
Dolorido. Frio. Fel
Defini-la sei, saná-la jamais
Implacável, não há pontos fracos
Canso, ela vence, mais uma vez
Um duelo cruel, covarde
Onde a criatura superou com louvor
O seu louco e fraco criador