A Bailarina
A Bailarina
Nas figuras que safo de minha visão
E assaltam lentamente minha razão
Eu já não temo mais as deter,
Deixo que elas venham consumintes;
Nas horas da manhã, pouco sei de tudo
Nas horas da tarde, muito sei de nada...
E assim me vou, bailarina do submundo
Em eterna saga longínqua e desacordada.
Os chãos são ensangüentados e imundos
Profanos templos sem nenhuma fé,
Lares de falsos deuses moribundos
Remetentes às profecias de falsa Javé;
Anjos Negros cadentes fracos e sem vida
Revoltos de um céu tão aborrecido
Em seu corpo talhado uma marca atrevida...
Não sei se são felizes e nem sei se querem sê-lo,
E agora, pelas terras putrefez afora
Canto e bailo uma valsa maldita,
Espalhando o rebu e o gris em demora
Por cima de minha própria cripta.