A Bailarina

A Bailarina

Nas figuras que safo de minha visão

E assaltam lentamente minha razão

Eu já não temo mais as deter,

Deixo que elas venham consumintes;

Nas horas da manhã, pouco sei de tudo

Nas horas da tarde, muito sei de nada...

E assim me vou, bailarina do submundo

Em eterna saga longínqua e desacordada.

Os chãos são ensangüentados e imundos

Profanos templos sem nenhuma fé,

Lares de falsos deuses moribundos

Remetentes às profecias de falsa Javé;

Anjos Negros cadentes fracos e sem vida

Revoltos de um céu tão aborrecido

Em seu corpo talhado uma marca atrevida...

Não sei se são felizes e nem sei se querem sê-lo,

E agora, pelas terras putrefez afora

Canto e bailo uma valsa maldita,

Espalhando o rebu e o gris em demora

Por cima de minha própria cripta.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 17/02/2008
Reeditado em 07/09/2008
Código do texto: T863434
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