INFILTRAÇÃO

Sinto a minha alma molhada,

Empapada.

Acho que o meu coração cedeu,

Rompeu...

E uma infiltração difusa

Escorre por fenda obtusa.

Será chuva?

O meu coração é um charco,

Um barco

Sem fundo e sem vela,

Aguarela

Sem cor e sem vida,

Mera força amolecida...

Naufrago?

A minha alma apodrece,

Esvaece.

Do coração trespassa,

Perpassa,

A humidade que mina

O alicerces da ruína...

Será só orvalho?

O meu coração goteja,

Mareja,

Molha a minha alma frágil,

Intáctil.

E rios de cristal fluído

Aquecem-me o olhar perdido...

...São lágrimas!