Que dor é esta que me acompanha como sombra teimosa, vai e retorna quando bem entende...
Estraga minha festa, ata meus pulsos e me faz prisioneira de mim mesma?  
Não suporto o reflexo do espelho, a cama desfeita, os restos pelo chão, os pedaços que larguei pelo caminho, perdidos.
 Pálida figura escondida atrás da cortina, com medo de abrir a janela e respirar a vida que pulsa lá fora. 

A máscara não oculta a verdade. 
Sou eu que me observo entre as frestas do muro.
Sou a causa do meu próprio sofrimento. 
Mas não o faço por querer.
Não conheço a felicidade, não sei rir nem nunca sonhei.
 Viciada em paliativas doses de substâncias mágicas, vagas promessas de alívio.
A dor incessante que me traga o peito. Dói.
Não compreendo nada, o jornal folheado, a televisão ligada, a comida estragada, o corpo jogado no chão.
 
Há quantos dias não sinto a água limpa refrescar ,
o suor que gruda em minha pele
Antes perfumada.
A roupa precisa ser trocada.
A porta está trancada, ouço passos no porão.
É maior que minha vontade, a lassidão a que me entrego.
 
Renego família e amigos. Solidão.
Procuro algo a que me agarrar neste oceano de sombras e vagas. Temo meus desatinos e sei que é hora de dormir. Apagar os sensores e engolir a escuridão.
 
A cama-berço abriga o corpo.
Por quê  sou assim?
O que me torna tão vazia e frágil? 
Queria um  motivo para fortalecer o espírito, uma razão maior que a egoísta existência.
Depressão. Maldita depressão.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 11/02/2008
Reeditado em 05/09/2018
Código do texto: T855342
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