O sal que amarga a boca
Quanta dor ao ver que tudo acabou,
Todos os sonhos jogados ao vento,
Uma vida que se desfez como um castelo de areia,
Eu ali, impotente vendo tudo chegar ao fim.
Já não consigo me ver no sorriso de antes,
O disfarce não cabe em minha alma,
Olho no espelho e não me vejo, por instantes não existo,
O que restou deve estar tão somente na pele do suposto eu,
O que mais posso esperar, se a melodia que nos embalava emudeceu,
E os lábios de tantos beijos agora provam o sal da lágrima que rolou da face amargando a boca.
Para dor maior, ficou o perfume, agora impreguinado no lençol de linho, que por vezes foi amassado no calor dos corpos, quantas juras,
Resta um leito enorme a agasalhar um pequeno corpo que queima em febre, num delírio ébrio, e uma alma ávida por amor, agora entregue a solidão de uma noite vazia.