Ironia
É impossível não chorar
Quando a escuridão adota a uma densidade caótica,
Caos que instala-se na alma incapaz de enxergar a saída,
Enxergando apenas o vermelho cintilante da ferida que não estanca.
É impossível não gritar, espernear e sofrer
Quando tudo é rio de sangue infestado de piranhas!
Sem forças para enfrentar a correnteza,
Acabo sendo arrastado pelo maldito fluxo
Que me conduz sempre de volta até você.
Hoje me armei até o último dos dentes...
Metalizado por inteiro,
Exatamente como ontem e anteontem!
Preparo minha espada. Brado-a no ar, tomado por fúria intensa,
E quando juro aplicar o golpe de misericórdia,
Teu sorriso alicia-me novamente...
Novamente teu olhar penetra todas as minhas barreiras,
Derrubando-as uma a uma, como se fossem de papel.
E eis-me rendido aos teus pés, como em todas as outras vezes.
A guerra (fria), a amizade, o amor, a brincadeira a ilusão e a gentileza
Fundidos em uma imagem sólida – Bela imagem, diga-se de passagem!
Infelizmente maculada por mãos inconseqüentes!
Marionete dominada por uma criança sem limites...
A bandeira branca que oculta o canhão aceso.
Ironia pura.