HOMENS AO MAR
HOMENS AO MAR
(Paulo Gondim)
Por que homens se atiram tanto ao mar
Como loucos, surdos, desvairados?
Que força tão estranha os vem tragar?
Que volúpia os tornam tão apaixonados?
E este mar imenso e tão misterioso
Me descompõe a alma e me apavora
No seu bramir intenso e furioso
Me chama, com os outros, a partir agora.
E o vento sopra gelado lá da serra
Enquanto remos aos poucos cortam vagas
Em barcos que já vão longe da terra
Em busca de paz em outras plagas
No porto, os sonhos vão-se embora
Quando partem esses homens tão feridos
Tristes, sombrios pelo mar afora
Homens ao mar são homens esquecidos.
A noite cobre o mar com o seu manto
E o velejar perene rompe a escuridão
No cais, quem fica afoga o pranto
A perguntar se um dia voltarão.