LÁGRIMAS

LÁGRIMAS

Sônia Sobreira

Quando as lágrimas descerem,

quando os sonhos se perderem,

e a esperança fenecer.

Quando o temporal chegar,

e a torrente me arrastar

sem ninguém me socorrer,

quando um amigo me trair

e magoada sucumbir

pela dor da traição:

Eu não perderei a fé,

estarei sempre de pé,

enfrentando a provação.

Quando o esmorecer da tarde,

provocar grande saudade

da minha infância querida.

Quando ao som da Ave Maria

se calarem as cotovias,

lá na torre da ermida...

Quando ouvir a ladainha

e sentir-me tão sozinha

sem ninguém no coração:

Eu não perderi a fé,

estarei sempre de pé,

enfrentando a provação.

Quando tudo der errado

e as lembranças do passado

me fizerem soluçar

pelas dores que passei,

quando o peito for ferido

ao perder alguém querido,

sem ter chance de ajudar:

Juro, sem medo de errar,

pela luz que me alumia,

que eu não perderei a fé,

estarei aqui de pé,

escrevendo outra poesia!