Felizes para sempre

Que venham os corvos,

Malditas aves de rapina!

Deliciem-se os vermes,

De minha alma há muito desiludida!

Que venha o inferno,

Se for preciso, queimar já não parece-me tão cruel

Em meio a este frio, que aos poucos dilacera meus sonhos.

As regras sempre foram muito claras

Apenas eu fui otimista demais

Amor; delicioso demais para meus lábios nefastos!

Compreensão; boa demais para meu eu inadequável!

Felicidade; distante demais para meus joelhos cansados.

Mas agora já não faz mais diferença,

Já não é mais necessário!

Reconheço a depredação total de todo o meu ser,

Aceito meu nobre carrasco!

Sonharei minha fábula!

Enquanto meu corpo cai neste maldito abismo sem fim,

Estarei agarrado à minha ultima utopia.

Onde mesmo que teatralmente,

Sim, lá terei direito ao meu “felizes para sempre”.