Funeral

Ao frio da madrugada,

Observando a cidade brilhar no escuro silêncio

Com suas luzes ofuscantes,

Doces lembranças vem à permear minha mente...

Doçura última que posso manter.

Tantas palavras jogadas ao vento,

Tanto tempo perdido em vão!

A vida que hoje (como sempre) continua correndo,

Incessante movimento,

Que extravasa pelos dedos de nossas mãos.

Viciar-se é perda de tempo,

Tanto em substâncias, quanto em pessoas também.

Vicío é disperdício de momento,

É perda de si mesmo,

É embriagar-se de ilusão.

Estou doente!

Preciso me curar!

É difícil... (Muito mais do que pode imaginar)

Mas um dia temos de aprender à andar com nossas próprias pernas.

Será que você,

Esteja onde estiver,

Lembra-se de todo aquele barulho?

Foi de coração...

Foi por você.

Lembra-se de meu sorriso ao teu lado,

Alegria pura sem grandes motivações?

E de minha animação apaixonada,

Que me levava a escrever-te belas palavras,

Como um jardim todinho em flor?

Pois hoje só restam ervas daninhas,

Por onde quer que você tenha passado.

Eu tive que perder-te para me encontrar,

Tive que matar-te para ter a chance de viver.

E agora terei que fugir do teu rastro,

Para encontrar meu próprio caminho.

Será que após tanto tempo,

Saberei voltar para casa?

Ou será que estou perdido para sempre,

Fadado a ser um andarilho sem rumo,

Perdido no vazio da tua ausência?

E no fim das contas,

Isto é exatamente aquilo,

Que nos recusamos a enxergar...

Que você é você e eu sou eu.

Agora resta a mim apenas seguir o meu caminho,

Criar uma nova estrada diferente de teus passos.

E a ti desejo somente:

Descanse em paz.